Visita de estudo a Aveiro


Logo pelas oito horas da manhã, estavam todas as turmas do terceiro e quarto ano na Rodoviária de Proença-a-Nova. Tal como tínhamos planeado no dia anterior, cada um podia ir com o par que queria.
Eu fui com a Carlota, atrás de mim ia o Pedro Jacinto e o Miguel e à minha frente ia a Catarina e a Inês Mendonça.
Na ida para Aveiro parámos uma vez na estação de serviço da auto-estrada. Tivemos que parar para comer a merenda da manhã que os nossos pais tinham preparado para nós. Depois de comer e de ir à casa de banho continuamos a nossa viagem. Quando chegámos a Aveiro havia um semáforo e tivemos que parar. Parámos mesmo ao lado da ria, onde se preparavam nesse momento moliceiros para começarem a andar. Nessa altura começamos todos a tirar fotografias pois muitos de nós, nunca tinham visto barcos tão coloridos.
Finalmente chegámos às salinas. Saímos todos dos autocarros com as máquinas fotográficas na mão.
Parámos em frente ao Ecomuseu marinha da Troncalhada. Quando lá chegámos uma senhora esperava-nos para começar a explicação.
Primeiro começou por explicar de que eram feitos os chãos e as divisões das salinas. As salinas eram feitas de moliço, uma espécie de lama misturada com plantas.
Depois explicou que uma das plantas que era usada para o moliço, naquele lugar tinha a cor branca. Explicou que aquela planta ficara branca graças ao excesso de sal na água que consome, pois se bebesse água doce a planta teria a cor de verde vivo.
Explicou também que o proprietário das salinas se chama marnoto. O marnoto, no tempo das chuvas, abandona as salinas só depois quando as chuvas param é que ele volta. Quando volta tem de observar os estragos e arranjar. Para isso precisa de moliço e o moliço, mesmo sendo lama com plantas, tem de ser pago ao respectivo proprietário. Para pagar o moliço o marnoto faz mais ou menos uma troca ou seja, quando o marnoto abre o cano para a água do mar ir dar às salinas alguns peixes e lixos são arrastados até lá. Antes de água boa passar para o sítio onde o sal se está a formar o lixo e os peixes ficam noutro lugar. Para pagar depois o moliço, o marnoto apanha à mão metade do peixe que encontra e dá a outra metade em dinheiro.
Na explicação a senhora disse também que naquele lugar viviam e cresciam várias espécies de aves como por exemplo o Perna Longa. Depois de acabarmos de ouvir a explicação até ao fim, fomos ver as salinas mais de perto. Tirámos imensas fotografias e tivemos a oportunidade de ver pequenos ovos de uma das espécies de aves de que a senhora nos falou.
Não só vimos os ovos como também vimos a própria ave. Depois de ver as salinas de perto voltámos para o autocarro pois tínhamos de ir almoçar. Entrámos para o autocarro e seguimos viagem até ao parque de D. Pedro. Quando lá chegámos levámos as nossas mochilas onde cada um tinha o seu almoço e dirigimo-nos a um lugar onde não estava ninguém. Cada um sentou-se onde queria com quem queria para almoçar. No início do almoço chegou o filho da nossa professora que veio almoçar connosco. Chamava-se Pedro e eu nunca o tinha imaginado tão alto como o vi na realidade.
Para o almoço levei duas sandes de atum, ovo, tomate e alface, uma nectarina e uma caixa com cerejas. Claro que também levei um sumo para beber. Foi uma bela almoçarada! Ainda cheguei a fazer um concurso com a Inês Mendonça para ver quem mandava o caroço da cereja mais longe. Depois de tão cheia que estava fomos todos à casa de banho. Com alguma demora lá conseguimos ir todos fazer as necessidades.
Depois de estarmos todos prontos voltámos para o autocarro pois tínhamos de ir para o Lugar dos Afetos. O Lugar dos Afetos é uma espécie de Portugal dos Pequeninos (Coimbra), mas em ponto grande. E uma das grandes diferenças é que não se pode entrar em todas as casas e a visita é guiada. Quando lá chegámos havia à entrada uma ponte azul.
Depois de esperarmos que o outro grupo que lá estava, tivesse acabado a visita, fomos nós os seguintes a ter direito à visita guiada.
Primeiro de tudo a tal senhora apresentou-se e disse-nos que se chamava Renata. A Renata levou-nos para dentro de uma casa onde nos contou uma linda história. A história era para nós percebemos porque é o Lugar do Afetos tinha aparecido.
Começou por contar a história de uma maneira muito conhecida…
“Era uma vez uma menina chamada Graça Gracinha. Um dia Graça Gracinha foi para a quinta da avó. Sempre que a Graça Gracinha se sentia triste na quinta da avó ela contava histórias ao cão. Dizia que lhe fazia esquecer a tristeza. E uma das muitas histórias que a Graça Gracinha contava ao cão era a história do livro que eu já li, “ Principezinho”.
Ora, um dia, Graça Gracinha cresceu e tornou-se numa médica. Como é normal os médicos ouvem muitos corações e a Dra. Graça também ouvia milhares deles. Como é normal todos os corações são diferentes. Uns eram muito rápidos o que era sinal de que estava feliz, tal como nós quando corremos muito. Outros batiam devagar o que era sinal de que estavam tristes. Para esses corações mais tristes a Dra. Graça começou a escrever livros sobre afetos. Pois quando era pequena e estava triste ler era o seu remédio.
Para quem estava triste e lia os livros dos afetos o remédio resultava. Mas os livros não chegavam, para isso a Dra. Graça inventou uma série de jogos.”
Com estes jogos e livros a Dra. Graça construiu o Lugar dos Afetos, exactamente no lugar onde era a quinta da sua avó. Para isso construiu várias casas e cantinhos, como por exemplo a casa do Romance ou o cantinho dos namorados. O mais engraçado é que cada casa tinha um nome, um significado e uma razão.
Depois de observamos o Lugar dos Afetos com atenção comemos um gelado (epá) e voltámos para o autocarro. Durante a viagem de volta a casa eu, a Carlota, o Miguel e o Pedro Jacinto íamos a mandar mensagens no caderno de meninas para meninos e de meninos para meninas. Nesta viagem a Inês Mendonça e a Catarina bateram o recorde de quase uma hora e meia abraçadas.
Tivemos de fazer uma paragem para lanchar e parámos mesmo no restaurante “O Pastor”. Eu e a Carlota estávamos tão aflitas que fomos as primeiras a ir à casa de banho. Depois de lancharmos voltámos para o autocarro e seguimos viagem até Proença.
Tivemos mais ou menos uma hora de atraso mas o melhor é que os nossos pais já estavam à espera que isso acontecesse.

Madalena