O acidente de Sara


__ Querida Sara, tenho de lhe dizer que infelizmente não poderá montar a cavalo até não saírem os resultados da operação à clavícula que acabou de fazer __ disse o médico à Sara que ainda estava meia zonza da anestesia.
Sara estava zonza mas mesmo assim ficou chocada com a notícia do médico. Sara sabia que a sua clavícula já estava mal há dois anos e também sabia que tinha agido mal depois do seu grave acidente. De repente uma brisa passou pela cara de Sara e esta teve uma visão do seu acidente. Nessa visão viu a Vitória à sua frente para ganhar o concurso de saltos de obstáculos. Faltavam quinze segundos para acabar a prova e ela já estava adiantada. Mas quando ía a saltar o último obstáculo o seu cavalo parou e ela “voou” para cima dos paus de maneira e bater com a clavícula no obstáculo.
No dia seguinte, Sara sentia-se com mais forças e o médico logo pela manhã foi dar-lhe alta. Sara fez as malas e deixou o seu quarto tão arrumado que o próximo doente se pôde deitar logo na sua cama. Depois de sair do hospital de Lisboa, Sara dirigiu-se ao seu carro, emprestado pelo pai, que já estava estacionado há duas semanas sem se mexer. Entrou no carro, largou um suspiro, fechou por uns segundos os olhos e uma segunda brisa passou-lhe pela cara e fazendo-a lembrar-se do cavalo que tinha montado no dia do seu acidente.
Embora não quisesse sair do hospital sem os resultados da operação, Sara pôs as mãos no volante e ligou o carro. Já na estrada Sara olhou à sua volta e sorriu pela primeira vez no dia. Estava contente por voltar para casa e por poder matar saudades dos seus cavalos e da sua família. Quando viu o portão da quinta em que ela vivia fez um sorriso ainda maior e apressou-se a entrar.
Quando estacionou o carro tirou as coisas e entrou em casa. Lá dentro estava o seu pai, a sua mãe e a sua irmã, sentados no sofá à sua espera. Mal ouviram o barulho da porta a fechar, toda a família se levantou e foi ter com a Sara.
-Sara, como é que estás? - perguntou a sua irmã mais velha, com um ar preocupada.
- Melhor, obrigada __ respondeu Sara.
- Filha, vai poisar as tuas coisas ao quarto e vem contar-nos tudo o que o médico te disse e como é que tu tens de ter cuidado e tudo, tudo, tudo __ pediu a mãe da Sara, curiosa e também um pouco preocupada.
Sara, antes de por as coisas no quarto, ainda cumprimentou todos e depois é que foi deixar tudo no seu quarto. À noite, pela hora do jantar, Sara contou que não poderia montar a cavalo por uns tempos e que nem tinha a certeza se poderia voltar a montar pois o seu acidente tinha sido mesmo muito grave.
Passaram-se dias e numa manhã bem cedo o telefone de casa começou a tocar. Sara, como já estava acordada, levantou-se do sofá e poisou a taça dos cereais na mesa pequena e foi atender o telefone.
Era um telefonema sobre os resultados da operação feita à clavícula. Sara podia voltar a montar. Sara teve de se conter para não dar um grito de alegria mas manteve o bico calado.
Agora Sara com muito cuidado monta o seu cavalo favorito “Weit” um garanhão preto lindo, muito simpático e nervoso.
(…)
__ Agora em pista temos “Weit” montado por Sara __ dizia o apresentador ao microfone.
Sim, Sara já estava novamente em pista a ganhar taças e a tornar-se a melhor cavaleira de obstáculos do mundo.

Madalena